Gefron: muito além da fronteira
A vulnerabilidade da fronteira Oeste representa fator considerável nas estatísticas criminais de Mato Grosso e de vários outros estados da Federação.
Daí a necessidade de uma intervenção imediata e intensa capaz de reduzir, em curto prazo, as atividades ilegais desenvolvidas na região.
O Grupo Especial de Fronteira (Gefron) foi criado no Estado de Mato Grosso no dia de 13 de março de 2002, através do Decreto Estadual nº 3994, que prevê a instalação e implementação de sua estrutura no prazo máximo de dois anos.
No decreto, está previsto ainda o trabalho integrado da Polícia Militar, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros Militar.
O Gefron têm a missão de apoiar os órgãos federais responsáveis pela segurança na fronteira do Brasil com a Bolívia dentro do Estado de Mato Grosso, desencadeando na região, operações sistemáticas de prevenção e repressão ao tráfico de drogas, contrabando e descaminho de bens e valores, roubo e furto de veículos e invasões de propriedades.
"No ano de 2013, o Grupo Especial de Fronteira (Gefron) contabilizou um número recorde de apreensão de drogas na fronteira com a Bolívia. Foram apreendidos 849,58 quilos de cocaína e pasta base de cocaína"
Convém relembrar como era a região de fronteira antes do Gefron.
Vale destacar que a instabilidade do segmento da segurança era muito grande, os órgãos policiais na forma que estavam (des) organizados, não conseguiam fazer frente às organizações criminosas e, no esforço para coibir o tráfico de entorpecentes. O contrabando e o descaminho, que são crimes característicos da região de fronteira, acabavam sendo surpreendidos por criminosos locais que perpetravam invasões nas propriedades rurais.
Algumas vezes, expulsando os proprietários e, em outras vezes roubando o gado, veículos e máquinas agrícolas.
Estas ações de bandoleiros faziam com que os valores das propriedades rurais fossem cotados em valores muito baixos e, mesmo assim, eram escassas as pessoas que se dispunham a investir na região.
Essas características refletem na vulnerabilidade de fiscalização e controle na orla fronteiriça, onde se pretende manter em solo mato-grossense aquilo que legalmente deveria ficar e, ao mesmo tempo impedir que adentre produtos ilícitos ou de forma diversa do que prevê a legislação pertinente.
É certo que essa geografia e suas peculiaridades, associada a fatores externos, tem sido utilizada pelo crime organizado como palco preferencial para o desenvolvimento, dentre outras coisas, de intercâmbio irregular de produtos furtados ou roubados no território brasileiro, os quais servem como moeda de troca ao tráfico de entorpecentes (pasta base, cocaína, contrabando e descaminho de mercadorias) na Bolívia.
Os principais crimes que o Gefron faz frente são: Tráfico ilícito de drogas; roubo e furto de veículos; estelionato de veículo (golpes de financiamento); contrabando e descaminho, rabigeato; evasão de divisas; imigração e emigração clandestinas, conflitos agrários, crimes ambientais, exploração de madeira e minério.
A fronteira, após a implantação do Gefron mudou, dentre os que acreditam que houve melhoria na segurança, vimos que 14,9% acreditam que melhorou um pouco; 82,85% que melhorou muito; computando esses dois dados, chegaremos ao significativo resultado de 97,14% das pessoas pesquisadas acreditando que houve melhoria na segurança da fronteira após a chegada do Gefron.
No ano de 2013, o grupo contabilizou um número recorde de apreensão de drogas na fronteira com a Bolívia.
Foram apreendidos 849,58 quilos de cocaína e pasta base de cocaína. 06 (seis) vezes mais que o volume apreendido em todo ano de 2012, e mais de 5 (cinco) vezes as apreensões realizadas em 2011.
Neste ano, foram apreendidas quantias consideráveis de moedas nacionais e estrangeiras sem procedência, que geralmente, entram na Bolívia para aquisição de entorpecentes.
Foram apreendidos 37 veículos, sendo a maioria tomada de assaltos, em Cuiabá e outras regiões do país para serem levados para Bolívia, onde são usados como moedas de trocas na aquisição de drogas e alguns que são usados em golpe do seguro.
Convém destacar o empenho do Governo do Estado bem como o apoio proporcionado pela Secretária de Estado e Segurança Pública de Matogrosso e pelo Comandante Geral da Polícia Militar ao Gefron no combate ao tráfico de drogas. No mês de novembro, foram entregues novas viaturas e equipamentos para fortalecer a ação do Grupo na fronteira.
Atribuímos o elevado índice de apreensões, principalmente à determinação dos policiais que “abraçaram a causa,” colocando em prática os ensinamentos obtidos através dos cursos de capacitação e às ações conjuntas e troca de informações que temos desenvolvidos com outros órgãos de segurança pública na fronteira, como a Polícia Federal, Polícia Judiciária Civil, Polícia Rodoviária Federal e a todas Unidades da Polícia Militar da faixa de Fronteira, as quais têm nos prestado grande apoio, tanto na questão preventiva quanto na repressiva.
Por sete anos, estive lado a lado convivendo entre plantões de dez dias com esses bravos militares, nas bases espalhadas ao longo da faixa de fronteira Brasil-Bolívia, onde pude “in loco” observar o modo operacional de trabalho que realizam.
Pode comprovar que eles são os verdadeiros "olhos da fronteira".
Policiais militares do Gefron, homem e mulheres que buscaram um caminho, para se verem realizados em proteger a sociedade, mesmo o risco da própria vida.
MAX MAGNO DE CAMPOS é servidor público estadual e militante político em Mato Grosso.
Autor(a): Max Campos