Com tantos ataques aos direitos dos trabalhadores nos cenários federal e estadual, já é possível antever que 2022 será um ano de muitas lutas para o Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Agrícola, Agrário, Pecuário e Florestal do Estado de Mato Grosso (Sintap-MT). Mas uma pessoa, em especial, terá a "batata quente" nas mãos, já que ele, Joaquim Julião dos Santos, é o diretor de Mobilização e Formação Sindical, que ontem à tarde esteve na sede do Sindicato, falando de sua enorme responsabilidade.
Surpreendentemente, Joaquim revelou que está ciente da complexa missão e que foi ele mesmo quem pediu à presidente, Diany Dias, para ficar à frente dessa diretoria, isso tudo apesar do fato dele ser de Campo Verde. "A grande responsabilidade tem a ver com o trabalho de mobilizar os nossos colegas servidores para que voltem a se sindicalizar ao Sintap-MT, porque ultimamente tivemos muitas desfiliações, e para vencer nossas batalhas precisaremos de força máxima", pontuou.
Depois de mais de 37 anos atuando como agente fiscal de defesa agropecuária do INDEA- Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso, Joaquim afirma que não pensa em parar de trabalhar. A aposentadoria foi alcançada em junho de 2020, mas ressalta que, uma vez aposentado, não pode pensar apenas nele. "Tem muitos colegas que continuam na ativa, e o governo pretende retirar os direitos de todos eles. Quero que cheguem onde eu cheguei e trabalharei por eles com muita satisfação".
Para o diretor de Mobilização, é preciso lembrar, por exemplo, que se o agronegócio hoje está no patamar em que está isso se deve ao trabalho dos servidores responsáveis, por todos esses anos, pelo controle da situação de doenças, como a febre aftosa, que antes impedia a exportação da carne aqui produzida. "O agronegócio dependeu dos resultados que nós conseguimos, desse parâmetro mundialmente exigido nas exportações, de livres da febre aftosa e outras doenças".
Ele explicou que já integra a diretoria do Sindicato há muitos anos, em pelo menos 06 gestões, nas quais as diretorias tiveram muito êxito, mas esta é a primeira vez que representa a diretoria de Mobilização. "Devido à questão da mudança do tratamento governamental perante o funcionalismo público, ficou difícil trabalhar, até conseguimos vitórias que nunca serão esquecidas, como a questão salarial e a nossa estabilidade, em que o governo fez um concurso mas até hoje vive querendo tirar os direitos do funcionalismo público, e é de nossa responsabilidade lutar para que isso não aconteça".
"Hoje estou diante da pasta de mobilização para buscar de volta a união dos nossos sindicalizados e trazer de volta aqueles que se afastaram do Sindicato, porque a união faz a força", complementa Joaquim, salientando ainda que as lutas são como uma corrente que parte do governo federal até o governo do estado.
"Eles (os nossos inimigos) olham muito para as questões do legislativo e do judiciário, e se depender deles o serviço público até deixará de existir, como vem sendo buscado através da proposta da reforma administrativa, com a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 32/2020. Todo o trabalho que vem sendo feito a nível federal, tanto da parte do Poder Executivo quanto do Legislativo, visa tão somente garantir o futuro deles. Querem colocar e tirar quem eles quiserem, e os servidores públicos são um empecilho para que tenham sucesso neste objetivo. A gente não pode permitir que essas coisas aconteçam, até porque os serviços públicos só existem porque os servidores públicos existem e se empenham por isso".
Mas como um diretor pretende alcançar seus objetivos morando no interior, no caso em Campo Verde? Joaquim disse que o importante neste processo será a comunicação com os sindicalizados.
Luiz Perlato/SINTAP-MT