Ocorrência de Cria Pútrida Europeia-Loque Europeia, no Estado de Mato Grosso Destaque

Domingo, 03 Outubro 2021 09:05 Escrito por  tamanho da fonte diminuir o tamanho da fonte diminuir o tamanho da fonte aumentar o tamanho da fonte aumentar o tamanho da fonte

Em 30 de setembro de 2021 foram confirmados os primeiros casos de Cria Pútrida Européia, em Mato Grosso. A doença, causada pela bactéria Melissococcus plutonius, acometeu apiários de abelhas Apis mellifera africanizadas (híbrido de subespécies de Apis mellifera europeias e Apis mellifera scutellata) e um meliponário (criatório de abelhas nativas ou abelhas sem ferrão). Os casos, sem relação direta entre si, ocorreram respectivamente, nos Municípios de Planalto da Serra, Poconé e Sinop.

A Cria Pútrida Europeia (CPE), também conhecida como loque europeia, é uma doença de notificação obrigatória que pode acometer várias espécies de abelhas, sendo no Brasil sua ocorrência mais comum no gênero Apis, embora recentemente tenham sido registrados casos também em meliponíneos de diversas espécies no Espírito Santo e em São Paulo. As larvas das abelhas são infectadas quando ingerem alimento contaminado.

As análises laboratoriais foram realizadas pelo Laboratório Especializado de Sanidade Apícola (LASA), pertencente ao Centro de Pesquisa de Sanidade Animal do Instituto Biológico, aos cuidados da Drª Érica Weinstein Teixeira. A bactéria foi identificada nas sete amostras de colônias enviadas.

Sinais e sintomas da cria pútrida europeia (CPE):

Em Apis spp (abelha com ferrão) e meliponíneos (abelha sem ferrão), alguns sinais observados são favos de cria com muitas falhas e opérculos perfurados. Em Apis spp, a morte ocorre geralmente na fase de larva, antes que os alvéolos sejam operculados. As larvas doentes ficam em posições anormais, podendo ficar contorcidas, nas paredes dos alvéolos. Pode ocorrer mudança de cor das larvas, que passam de branco pérola para amarelo até marrom. Pode apresentar cheiro pútrido ou não. Quando as larvas morrem depois da operculação, aparecem opérculos escurecidos, afundados e/ou perfurados.

Em meliponíneos a larva morre no interior da célula/alvéolo, logo após seu nascimento (larva jovem), podendo ainda morrer na fase intermediária ou larva adulta, assim como na fase final (pré-pupa e pupa), pois a célula/alvéolo de cria é fechada logo após a postura da rainha.

Orientações aos apicultores e meliponicultores:

Realizar e manter atualizado o cadastro, do apiário/meliponário, no INDEA-MT.
Inspecionar/manejar regularmente as colmeias.
Notificar imediatamente ao INDEA-MT os casos suspeitos de ocorrência da doença para investigação, confirmação e demais medidas de defesa sanitária.
Remover quadros com cria doente.
Trocar rainha susceptível por outra mais resistente.
Evitar a suplementação energética ou proteica de origem desconhecida para não ser uma fonte de introdução do agente no apiário/meliponário.
Adotar a desinfecção de materiais, ferramentas e utensílios, principalmente os de uso comum, como formão e fumigadores, como uma medida preventiva de disseminação de doenças e biosseguridade.
Movimentar somente colmeias sadias e com GTA para evitar a disseminação de doenças.
Independente da finalidade, para trânsito inter ou intraestadual, é obrigatória a emissão e o acompanhamento da Guia de Trânsito Animal (GTA).

A notificação e identificação precoce da doença no apiário/meliponário possibilita a adoção de medidas de controle que irão diminuir a disseminação da doença, podendo reduzir o impacto dentro do apiário/meliponário e em toda a cadeia produtiva.

Referência:

Teixeira, E.W., Ferreira, E.A., Luz, C.F.P., Martins, M.F, Ramos, T.A. & Lourenço, A.P. (2020) European Foulbrood in stingless bees (apidae: Meliponini) in Brazil: Old disease, renewed threat. Journal of Invertebrate Pathology, 172: 107357. doi: 10.1016/j.jip.2020.107357

Elaboração:

Este texto foi elaborado a partir do comunicado do IDAF-ES, disponível em <https://idaf.es.gov.br/ocorrencia-de-cria-putrida-europeia-no-espirito-santo>

Méd.Vet. Heitor David Medeiros, INDEA-MT – CDSA/Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso.

Colaboração:

Méd.Vet. Érika Gleice Menezes Nascimento, INDEA-MT – ULE-Sinop/Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso.

Revisão:

Drª Érica Weinstein Teixeira, LASA – Laboratório Especializado de Sanidade Apícola, pertencente ao Centro de Pesquisa de Sanidade Animal do Instituto Biológico.
Med.Vet. Luciana Guirelli Ábrego, MAPA – DSE/DSA/Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Fonte: Secom/MT

 

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Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Agrícola, Agrário, Pecuário e Florestal do Estado de Mato Grosso.

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