Com espanto os representantes do Fórum Sindical - entidada da qual o Sintap faz parte e esteve presente através de sua presidente, Diany Dias – receberam o triste comunicado do secretário de Gestão do Estado de Mato Grosso, Júlio Modesto de que os salários dos servidores do Executivo ainda não serão pagos hoje (14) em sua totalidade. Os que recebem até R$ 5000,00 líquidos receberam na última sexta-feira (10.11) (na verdade 11 porque o dinheiro caiu nas contas depois de meia-noite) e quem recebe acima desse valor tinha a expectativa de receber até esta terça-feira. Contudo, Modesto informou que hoje será quitada a folha de pagamento dos que recebem valores entre R$ 5 mil até R$ 10 mil. Na próxima sexta-feira (17), convocou o Fórum Sindical para nova reunião para confirmar se quem recebe acima de R$ 10 mil será pago nesta data ou na segunda-feira (20.11).
Conforme o secretário, tem havido todo um esforço de acompanhamento de fluxo de caixa para fazer com que os salários sejam pagos na data acertada, todo dia 10 do mês, mas que, ainda assim, tem sido quase impossível conseguir cumprir esse prazo uma vez que o caixa do Estado está com um nível muito baixo. Diante dessa informação, novamente os presidentes de sindicatos presentes à reunião solicitaram por escrito os números desse rombo e questionaram sobre o fato de sempre o problema de caixa recair sobre o salário do servidor que é, como o próprio governador faz questão de dizer, o maior patrimônio de Mato Grosso.
Os sindicalistas lembraram que são repassados sem atraso ou escalonamento recursos para o Judiciário e Legislativo e o mesmo compromisso não é feito com os servidores do Executivo. De acordo com os representantes sindicais os servidores estão sendo vistos nas ruas pela sociedade como caloteiros e ainda como quem está quebrando o Estado por conta dos valores dos salários que são divulgados. É preciso que haja, segundo eles, por parte do Governo, uma ação de comunicação efetiva que tire esse encargo dos ombros dos servidores que são, na verdade, quem mais sofre e tem ajudado a máquina a não parar.
Alguns elencaram os problemas que têm que enfrentar todos os dias para não deixar o trabalho parar. São eles, no caso dos papiloscopistas, não ter nem luva para retirar cadáveres de cenas de crime ou aguentar chuva dentro da unidade de trabalho por falta de manutenção no prédio ou ainda ter que explicar a quem os procura a causa de não obter seu Registro Geral (RG) mais rápido por simplesmente não ter papel de identidade para fazer o trabalho. Outro caso foi o relatado pela Assof. Os servidores não têm recebido uniformes novos, os coturnos são pagos por eles e muitas vezes são eles que pagam a gasolina e pneus das viaturas para não deixar o carro parar na rua.
Dias lembrou que o caos em que a máquina pública está, inclusive, com os carros do Indea sem gasolina - em plena campanha de aftosa que precisa de fiscalização efetiva - , sem diárias pagas, ou seja, são pagas por eles e como pagar sem salário e ainda sem internet em algumas unidades, bem como outros problemas enfrentados diariamente sem uma resposta célere do Estado, é um claro recado de quem está deixando de servir a quem. “Somos servidores e não temos outra fonte de renda além do salário porque a lei não permite e, ainda assim, aos trancos e barrancos, sem condições de trabalho e mesmo agora, sem salário na data correta, não deixamos o Estado parar, mas a contrapartida de números transparentes não nos chega até às mãos para analisarmos e nem nossos projetos de arrecadação são analisados com cuidado enquanto temos notícias de incentivos fiscais por todo lado em um Estado que está com dificuldades de arrecadação? Como pode isso”, questiona Dias.
Paralisação
Os representantes sindicais querem uma solução rápida para que o problema não se repita em dezembro quando ainda tem que ser pago o 13º salário. Algumas categorias como a da Unemat e a dos profissionais da Politec já sinalizaram paralisar atividades caso suas assembleias previstas nos próximos dias diante desse problema assim decida.