*João Dias
O que me impressiona das delações da JBS é a postura da população. Mais uma vez, nós vemos torcidas de partidos, que mais parecem crianças em dias de jogos escolares, satisfeitos porque o "time" do coleguinha é pior.
Não há revolta contra o sistema político. Não há insatisfação com o sistemático desrespeito com o qual somos tratados. Não existe qualquer união social para mudar as regras do jogo. Jogo esse que é jogado com a mesma tática por PT, PSDB, PMDB e todos os Ps.
A regra, como diz Arnaldo Cesar Coelho, é clara: a classe política duela pelo poder e o vencedor ganha o direito de oprimir e desrespeitar o povo. O perdedor assume o papel de paladino da justiça e acusa o vencedor de corrupção. Juntos, os times tentam manter a cobrança social restrita aos gritos organizados de #foratemer ou #foradilma.
Para isso, utilizam seus sindicatos ou órgãos de classe, que são liderados por capachos (muito bem pagos). Mais uma vez, nós estamos deixando passar a chance de mostrarmos que sabemos que o golpe é generalizado. Nele estão todos: Lula, Temer, Aécio, Dilma, Juca, Dirceu... o golpe é contra nossos direitos.
O golpe está em pagar impostos e saber que eles viram propina. O golpe é em não termos acesso aos direitos básicos de saúde e educação. O golpe é contra o povo e não em políticos que atuam tão sorrateiramente quanto os rivais. Não temos correntes políticas de direita e esquerda. O que temos são facções criminosas que duelam pelo poder. Imaginar que isso mudará sem revolta popular é ingenuidade.
Autor(a): *João Dias é engenheiro agrônomo e presidente da Associação dos Engenheiros