Artigos e Poesias

A Insegurança Pública começa aqui

Os jovens, se não tiverem oportunidade de emprego e estudo, serão arregimentados pelo fascínio do dinheiro fácil.

Com uma área de mais de 1.000 km de extensão de fronteira entre Brasil e o País vizinho produtor de Coca a Bolívia e contando com um contigente muito reduzido de homens entre policiais militares e exército a fronteira entre os dois Países encontra-se desguarnecida.

Hoje o governo federal mantém na área de fronteira apenas guarnições militares em rotatividade nos parcos destacamentos sem estrutura adequada e com pouquíssimos homens, para agravar ainda mais a situação o Estado de Mato Grosso mantém alguns postos de vigilância na área porém também conta apenas com a força de vontade dos policiais militares ali destacados em rotatividade pois não há presente nas bases comunicação eficiente, alguns postos de vigilância não contam com serviços de telefonia, internet ou rádio, sendo impossível checar veículos e pessoas que saem e entram pelas barreiras ou lavrar sequer um boletim de ocorrência de qualquer Ilícito Penal.

Há linhas de ônibus semanais de ônibus com viajantes para as cidades da Bolívia, rota de fuga de possíveis foragidos da justiça e um considerado trânsito de veículos que poderiam ser averiguados frequentemente para inibir e reduzir o número de veículos roubados/furtados nos municípios e na Capital do Estado com destino ao País vizinho, bem como drogas ilícitas e contrabando/descaminho de mercadorias.

Em recente viagem a trabalho à região, pude constatar in loco, em conversa com os servidores civis e das forças de segurança militares estes não escondem o descontentamento com o Poder Público que não vê ou se vê finge que não, para evitar dar a real importância que a segurança de fronteira exige, pois a falta de zelo é vergonhoso, não se tem estrutura condizente para trabalhar.

"Hoje, o Governo Federal mantém na área de fronteira apenas guarnições militares em rotatividade nos parcos destacamentos, sem estrutura adequada e com pouquíssimos homens"


Falta desde equipamentos de trabalho como veículos para fazer vigilâncias volantes pois quem anda errado não passa pela barreiras mas sim pelas centenas de estradas cabriteiras (estradas vicinais construídas por criminosos para desviar das barreiras físicas) que adentram fazendas que ficam na divisa dos dois países, a comunicação é inexistente, impossibilitando a checagem de possíveis suspeitos e veículos roubados contando apenas com a astúcia dos militares.

Militares e civis que se encontram na área de fronteira quase sempre a trabalho viajando sem diárias ou 90% das vezes a recebem no final dos plantões realizado e ficam dias sem notícias dos seus Familiares por não contar sequer com um Orelhao para fazer uma ligação, e se optarem em ligar há de deslocar até um destacamento militar brasileiro mais próximo contando com a sorte de se haver um que funcione.

Tanto o Governo Federal e Estadual precisam acordar e não medir esforços para essa extensa área de fronteira pois não podemos retroceder no tempo em que a Lei e a Ordem não existia nessa região, onde os roubos e tráfico de drogas eram considerados meios de vida, pois o Brasil não fabrica ARMAS e nem produz drogas.

O poder pública não pode virar as costas para as dezenas de municípios da Região Oeste e as centenas de milhares de famílias que vivem na linha fronteiriça, os jovens se não tiverem oportunidade de emprego e estudo serão arregimentados pelo fascínio do dinheiro fácil dos criminosos tornando-se Mulas do tráfico.

A onda de violência gerada nas cidades e na Capital do Estado bem como no País como um todo tem muitas vezes sua origem aqui onde ocorre a entrada de entorpecentes e armas e fechar os olhos a isso é fazer serviço de enxugar gelo trocando o seis por meia dúzia e continuar com os índices de criminalidades batendo recorde ano após ano.

MAX CAMPOS é servidor público estadual.

Autor(a): Max Campos

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