Artigos e Poesias

A luta contra as drogas e o preconceito enraizado

A Cracolândia, local onde muitos viciados se reúnem para consumo de entorpecentes principalmente o Crak que se formou em Cuiabá e em várias cidades de Mato Grosso é povoado por pessoas oriundas de vários segmentos e classes da sociedade, mas o caso da ex-modelo mato-grossense Loemy Marques tem me chamado a atenção pelo fato de como a mídia se interessou por ela, e não por outros “INVISÍVEIS” que existem aos montes, será porque são em sua maioria pessoas desprovidas da “beleza” entoada nos comerciais, pois são pobres, feios e desdentados? Ou porque nos vimos naquela situação, onde “um dos nossos” esta em situação de penúria, se prostituindo para compra da droga e precisamos urgente fazer algo para tirá-la dali?


Existe algo muito pior que o racismo por trás deste caso, e poucos querem enxergar. É fácil dizer que a ex-modelo viciada em crack só causa comoção por ser branca, mas algumas observações podem questionar esta afirmação:

1) Numa gravação num lixão em 2004, a atriz Giovanna Antonelli se emocionou ao encontrar por acaso uma catadora negra muito bela, e ajudou espontaneamente para que ela pudesse ganhar a vida como modelo.

2) A escrava que entrou para a história com o nome de Xica da Silva e virou lenda por ter se tornado a esposa do comendador das minas e dona de uma imensa fortuna também impressionou seu antigo senhor pela beleza, a ponto de seduzi-lo e fazê-lo enfrentar a sociedade escravagista, assumindo casamento.

3) Um dos traficantes capturados pela polícia nas ações de pacificação de 2010 no Rio de Janeiro era negro, e inegavelmente estava dentro dos padrões de beleza desejados pela sociedade.

Em pouco tempo, várias agências já o disputavam para desfiles, principalmente por ter sua pena sido reduzida e poder trabalhar. O QUE COMOVE FALSAMENTE, NESTES CASOS, é a beleza e sua possibilidade de ser explorada, seja sexualmente ou comercialmente em marketing ou campanhas.

Qual empresa de beleza ou de moda não deseja estampar a propaganda de ter transformado uma mendiga numa mulher bela, quando na verdade ela só estava maltratada? Qual apresentador não quer posar de caridoso e alavancar a audiência dando um trato e fazendo ressurgir uma beleza que parecia extinta? Então, meus caros pensantes, antes de gritar que o preconceito racial é a explicação para falsas piedades, analisem mais a fundo e percebam, até pelos exemplos que dei que a questão é bem mais cruel.

Não importa se a pessoa seja negra ou branca, homem ou mulher. Se tiver beleza e puder ser explorada nesse sentido, ela interessa aos grandes, que ainda por cima venderão a imagem de filantropos. O racismo realmente existe, mas o interesse material consegue superar preconceitos e só enxerga lucro em pessoas que podem servir como objetos.

Enquanto isso, milhares de jovens “nóias” brancos, negros, mulatos, oriundos de família rica ou não, continuarão perambulando pelas ruas.

*MAX MAGNO DE CAMPOS é servidor público estadual e militante político jovem

Autor(a): Max Campos

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